domingo, 22 de fevereiro de 2009

Liberdade


Era uma vez um passaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e
maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, e alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu o passaro e apaixonou-se por ele. Ficou a olhar o seu voo com a aboca aberta de espanto, o coraçao batendo mais rapidamente, os olhos brilhando de emoçao. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o passaro.
Mas entao pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! A mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro passaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do passaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: "Vou montar uma armadilha. Da proxima vez que o passaro surgir, ele nao partirá mais."
O passaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.
Todos os dias ela olhava o passaro. Ali estava o objecto da sua paixao, e ela mostrava-o às suas amigas, que comentavam: Mas tu és uma pessoa que tem tudo. "Entretanto, uma estranha tranformaçao começou a processar-se: como tinha o passaro, e já nao precisava de o conquistar, foi perdendo o interesse. O passaro, sem poder voar e expressar o sentido da sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio- e a mulher que já nao lhe prestava atençao, apenas prestava atençao a maneira como o alimentava e como cuidava da sua gaiola.
Um belo dia, o passaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e passava a vida a pensar nele. Mas também nao se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela se observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no passaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, nao o seu corpo fisico.
Sem o passaro, a sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. "Por que vieste?" perguntou à morte.
"Para que possas voar com ele de novo nos céus", respondeu a morte. "se o tivesses deixado partir e voltar sempre, ama-lo-ias a admira-lo-ias ainda mais; porém, agora precisas de mim para poderes encontra-lo de novo."

onze minutos

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